A prevalência mundial da obesidade infantil e
na adolescência vem apresentando um rápido aumento nas últimas décadas, sendo
caracterizada como uma verdadeira epidemia mundial. Este fato é bastante
preocupante, pois a associação da obesidade com alterações metabólicas, como a
hipertensão e a intolerância à glicose, considerados fatores de risco para o
diabetes mellitus tipo 2 e as doenças cardiovasculares até alguns anos atrás,
eram mais evidentes em adultos; no entanto, hoje já podem ser observadas frequentemente
na faixa etária mais jovem. Além disso, alguns estudos sugerem que o tempo de
duração da obesidade está diretamente associado a morbimortalidade por doenças
cardiovasculares.
Vários fatores são importantes na gênese da
obesidade, como os genéticos, os fisiológicos e os metabólicos; no entanto, os
que poderiam explicar este crescente aumento do número de indivíduos obesos
parecem estar mais relacionados às mudanças no estilo de vida e aos hábitos
alimentares. O aumento no consumo de alimentos ricos em açúcares simples e
gordura, com alta densidade energética, e a diminuição da prática de exercícios
físicos, são os principais fatores relacionados ao meio ambiente. O estudo de
Oliveira et al., verificou que a obesidade infantil foi inversamente
relacionada com a prática da atividade física sistemática, com a presença de
TV, computador e videogame nas residências, além do baixo consumo de verduras,
confirmando a influência do meio ambiente sobre o desenvolvimento do excesso de
peso em nosso meio. Outro achado importante foi o fato da criança estudar em
escola privada e ser unigênita, como os principais fatores preditivos na
determinação do ganho excessivo de peso, demonstrando a influência do fator
sócio-econômico e do micro-ambiente familiar. O acesso mais fácil aos alimentos
ricos em gorduras e açúcares simples, assim como, aos avanços tecnológicos,
como computadores e videogames, poderia explicar de certa forma a maior prevalência
da obesidade encontrada nas escolas particulares. Contudo, esses dados não
estão de acordo com os encontrados em países desenvolvidos, onde existe uma
relação inversa entre o nível de educação ou sócio-econômico e a obesidade.
Diante do que foi discutido, percebe-se a
importância da implementação de medidas intervencionistas no combate e
prevenção a este distúrbio nutricional em indivíduos mais jovens. Algumas áreas
merecem atenção, sendo a educação, a indústria alimentícia e os meios de
comunicação, os principais veículos de atuação. Medidas de caráter educativo e
informativo, através do currículo escolar e dos meios de comunicação de massa,
assim como, o controle da propaganda de alimentos não saudáveis, dirigidos
principalmente ao público infantil e, a inclusão de um percentual mínimo de
alimentos in natura no programa nacional de alimentação escolar e
redução de açúcares simples são ações que devem ser praticadas. Sobre a indústria
alimentícia, devemos procurar o apoio à produção e comercialização de alimentos
saudáveis.
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