quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

HIP HOP E STREET DANCE



HIP HOP




O Hip hop é uma cultura artística que iniciou-se durante a década de 1970 nas áreas centrais de comunidades jamaicanas, latinas e afro-americanas da cidade de Nova IorqueAfrika Bambaataa, reconhecido como o criador oficial do movimento, estabeleceu quatro pilares essenciais na cultura hip hop: o rap, o DJing, a breakdance e a escrita do grafite. Outros elementos incluem a moda hip hop e as gírias.
Desde quando emergiu primeiramente no South Bronx, a cultura hip hop se espalhou por todo o mundo. No momento em que ohip hop surgiu, a base concentrava-se nos disc jockeys que criavam batidas rítmicas para pausas "loop" (pequenos trechos de música com ênfase em repetições) em dois turntables, que atualmente é referido como sampling. Posteriormente, foi acompanhada pelo rap e identificado como um estilo musical de ritmo e poesia, com uma técnica vocal diferente para utilizar dos efeitos dos DJs.  Junto com isto, surgiram formas diferentes de danças improvisadas, como a breakdance, o popping e o locking.
A relação entre o grafite e a cultura hip hop surgiu quando novas formas de pintura foram sendo realizadas em áreas onde a prática dos outros três pilares do hip hop eram frequentes, com uma forte sobreposição entre escritores de grafite e de quem praticava os outros elementos.
O hip-hop emergiu em meados da década de 1970 nos subúrbios negros e latinos de Nova Iorque. Estes subúrbios, verdadeiros guetos, enfrentavam diversos problemas de ordem social como pobreza, violência, racismotráfico de drogas, carência de infra-estrutura e de educação, entre outros. Os jovens encontravam na rua o único espaço de lazer, e geralmente entravam num sistema de gangues, as quais se confrontavam de maneira violenta na luta pelo domínio territorial. As gangues funcionavam como um sistema opressor dentro das próprias periferias - quem fazia parte de algumas das gangues, ou quem estava de fora, sempre conhecia os territórios e as regras impostas por elas, devendo segui-las rigidamente.
Neste contexto, nasciam diferentes manifestações artísticas de rua, formas próprias, dos jovens ligados àquele movimento, de se fazer músicadançapoesia e pintura. Os DJsAfrika Bambaataa, Kool Herc e Grand Master Flash, GrandWizard Theodore, GrandMixer DST (hoje DXT), Holywood e Pete Jones, entre outros, observaram e participaram destas expressões de rua, e começaram a organizar festas nas quais estas manifestações tinham espaço - assim nasceram as Block Parties.
As gangues foram encontrando naquelas novas formas de arte uma maneira de canalizar a violência em que viviam submersas, e passaram a frequentar as festas e dançar break, competir com passos de dança e não mais com armas. Essa foi a proposta de Afrika Bambaataa, considerado, hoje, o padrinho da cultura hip-hop, o idealizador da junção dos elementos, criador do termo hip-hop e por anos tido como "master of records" (mestre dos discos), por sua vasta coleção de discos de vinil.

Seis pilares




·         DJ (disc-jockey)

Operador de discos, que faz bases e colagens rítmicas sobre as quais se articulam os outros elementos, hoje o DJ é considerado um músico, após a introdução dos scratches de GradMixer DST na canção "Rock it" de Herbie Hancock, que representa um incremento da composição e não somente um efeito. O breakbeat é a criação de uma batida em cima de composições já existentes, uma espécie deloop. Seu criador, DJ Kool Herc, desenvolveu esta técnica possibilitando B.Boys a dançarem e MCs a cantarem. O Beat-Juggling já é a criação de composições as pelos DJ nos toca-discos, com discos e canções diferentes. Há diversos tipos de DJs: o DJ de grupo, de baile/festas/aniversários/eventos em geral e o DJ de competição. Este por sua vez, faz da técnica e criatividade, os elementos essências para despertar e prender a atenção do público. Um DJ de competição é um DJ que desenvolve e realiza apresentações contendo scratchs, batidas e até frases recortadas de diferentes discos (samples). Esses DJs competem entre si usando todo e qualquer trecho musical de um vinil.

·         Rap

O rap é um ritmo de música parecido com o hip hop e que engloba, principalmente, rimas. É um dos seis pilares da cultura hip hop. A tradução literal de rap é "ritmo e poesia", ou seja, uma poesia feita através de rimas, geralmente feitas em uma velocidade superior à do hip hop, tendo, como exemplo, o grupo The Last Poets. O rap, na maioria das vezes, é feito sem acompanhamento de nenhum instrumento, ou simplesmente com um DJ mixer.

·         Beat Box

O termo beatbox (que, a partir do inglês, significa, literalmente, "caixa de batida") refere-se à percussão vocal do hip-hop. Consiste na arte em reproduzir sons de bateria com a voz, boca e cavidade nasal. Também envolve o canto, imitação vocal de efeitos de DJs, simulação de cornetas, cordas e outros instrumentos musicais, além de outros efeitos sonoros. Muitos autores consideram o rapper norte-americano Doug E. Fresh como o grande pioneiro dessa arte. Porém, pesquisas recentes apontam para o compositor, músico e cantor brasileiro Marcos Valle como inventor da beatbox. Em 1973, Valle gravou, para seu LP "Previsão do tempo", a faixa "Mentira", na qual ele emula uma bateria com sua voz e, dessa forma, executa um padrão rítmico e uma virada. Numa entrevista de 2008 para o pesquisador acadêmico Alexei Michailowsky, Valle revelou grande surpresa ao saber que era um dos pioneiros da beatbox. Relembrando a gravação da faixa, ele afirmou que a ideia surgiu ao acaso, como uma mera experiência, lhe agradou e foi incorporada à gravação final.

 

·         MC (master of cerimonies)

Mestre de Cerimônia é o porta-voz que relata, através de articulações de rimas, os problemas, carências e experiências em geral dos guetos. Não só descreve, mas também lança mensagens de alerta e orientação. O MC tem como principal função animar uma festa e contribuir com as pessoas para se divertirem. Muitos MCs no início do hip-hop davam recados, mandavam cantadas e simplesmente animavam as festas com algumas rimas. O primeiro MC foi Coke La Rock, MC que animava as festas de Kool Herc. No Brasil, os primeiros rimadores foram Jair Rodrigues, Gabriel o pensador e grupos como Balinhas do Rap, Thaíde e DJ Hum, Racionais Mcs. Um MC é aquele que através de suas rimas mostra as várias formas de reivindicação, angústias e injustiças com as classes sociais mais desfavorecidas, mostrando o poder da transformação.

 

·         Break dance

Break Dance (B-boying, Popping e Locking), por convenção, chama-se todas essas danças de Break Dance. Apesar de terem a mesma origem, são de lugares distintos e por isso apresentam influências das mais variadas. Desde o início da década de 1960, quando a onda de música negra assolou os Estados Unidos, a população das grandes cidades sentia uma maior proximidade com estes artistas, principalmente por sua maneira verdadeira de demonstrar a alma em suas canções. As gangues da época usavam o break para disputar território: a gangue que se destacava era a que comandava o território.

 

·         Grafite

Expressão plástica, o grafite representa desenhos, apelidos ou mensagens sobre qualquer assunto, feitas com spray, rolinho e pincel em muros ou paredes. Sendo considerado por muitos uma forma de arte e é usado por muitos como forma de expressão e denúncia. Apenas no Brasil, o ato de "pichar" é diferente do ato de "grafitar", nos Estados Unidos, por exemplo, onde o grafite surgiu, existe um nome para a modalidade "pichação" que é conhecido como "tag".




STREET DANCE




A dança de rua tornou-se popular no Estado de São Paulo em meados da década de 1980. As primeiras manifestações ocorreram na capital paulista, nos arredores de estações de metrô no centro da cidade. O principal local que agrupava os interessados nessa manifestação sociocultural era a Estação São Bento, devido ao amplo espaço externo no formato de “concha acústica” e pavimentação em mármore, o que facilitava tanto a acústica para a música rap (sigla para rhythm and poetry – ritmo e poesia) quanto a movimentação no solo para a dança dos B boys (dançarinos de street dance). Nesse sentido, houve uma rápida associação entre o movimento hip-hop, cuja origem foi Nova Iorque, nos EuA, e sua repercussão inicial em São Paulo e, posteriormente, em todo o Brasil.

Na década de 1980, os passos de dança realizados nas ruas acompanhavam o ritmo da música rap. O estilo de vida dos negros norte-americanos passou a repercutir na mídia com mais impacto, com uma atitude agressiva que revelava contradições na estrutura social dos Estados Unidos. O interesse mundial pela cultura norte-americana e a exploração desse elemento cultural pela mídia eclodiu na popularização do movimento hip-hop no início do século XXI. A dança de rua ou streetdance tornou-se quase um modismo, parecendo uma prática desvinculada de seu próprio processo histórico.
Ao longo desse processo houve certa confusão entre a “cultura de rua”, da qual não se tem controle, e o movimento hip-hop, que consiste em um conjunto de elementos culturais articulados entre si de forma intencional.
Assim como os demais elementos que compõem o hip-hop, o streetdance apresenta diferentes estilos que se mesclam. No Brasil, a população negra do estado de São Paulo foi pioneira na popularização desse movimento, ainda no início dos anos 1980. O termo mais popular utilizado para designar a dança que acompanhava as manifestações de hip-hop era o break. O sentido do termo era o mesmo utilizado em Nova Iorque em relação aos “rapazes que dançavam nos intervalos” (breakdance boys ou b-boys).

Com o passar do tempo, detalhes do streetdance foram identificados a partir de influências de outras regiões e convencionou-se tratar esse elemento cultural como um conjunto formado por cinco estilos principais: breaking, popping, locking, freestyle e House Dance. O popping e o locking parecem ter sua origem associada às ruas de Los Angeles, ao passo que o freestyle é um estilo ainda mais livre de dançar, improvisando movimentos.

·         Os cinco estilos principais:
Distinguem-se cinco estilos de dança Hip Hop que fazem do corpo uma forma única de comunicar e de competir:Locking, Popping, Breaking, Freestyle e House Dance.
O plano de estudos das turmas de Hip Hop prevê a aprendizagem de todos esses estilos, dando grande ênfase à coordenação motora com ritmo e musicalidade, aos movimentos fortes e enérgicos, aos saltos e aos movimentos acrobáticos. Note-se que em inglês o termo hip significa anca e hop significa pulo.
·         O Locking surgiu em Los Angeles nos finais dos anos 60. Deriva do Funk, pelo que inclui passos desta dança e mudança de poses muito rápida.
·         O Popping nasceu no início dos anos 70 em Fresno (Califórnia), e refere-se aos movimentos rápidos de contracção e relaxamento muscular.
·         O Breaking surgiu em 1975 em Bronx e é dançado no acento rítmico da batida.
·         O Freestyle remonta a meados de 80 como resultado da mistura de várias danças de rua. É o estilo mais popular e tem sido amplamente divulgado pelos meios de comunicação social. É dançado no acento rítmico da batida e nas convenções vocais e instrumentais da música.
·         O House Dance surgiu nos anos 80, mas transformou-se nos anos 90 sob a influência do New-school. Aqui, a tónica é colocada no trabalho de pés.




·         Principais passos ou movimentos

top-rock ou Up-rock
top-rock é um movimento realizado em planos altos, ao mesmo tempo é um tipo de provocação para outro b-boy e serve como preparação para movimentos mais complexos que serão realizados.
up-rock tem a mesma função, mas é mais complexo, pois envolve a presença de dois b-boys que simulam um tipo de combate com ataque e defesa (algo semelhante à capoeira quando realizada sem contato entre os oponentes).

down-rock ou Foot-work
São movimentos realizados com os membros superiores e o tronco servindo como apoio, em contato com o solo, para que os membros inferiores possam ser movimentados de forma ainda mais complexa.

power moves
São movimentos que exigem bastante força nos apoios com os membros superiores, assumindo posições invertidas de modo semelhante a alguns movimentos da ginástica.

Freeze ou Suicide
É a manutenção por alguns segundos da posição final assumida após a realização de uma sequência de movimentos. Se houver uma queda proposital do b-boy ao solo, o movimento final é chamado de “suicídio” (suicide).

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

CAPOEIRA







A capoeira é uma expressão cultural brasileira que mistura arte-marcial, esporte, cultura popular e música.

Desenvolvida no Brasil principalmente por descendentes de escravos africanos com alguma influência indígena, é caracterizada por golpes e movimentos ágeis e complexos, utilizando primariamente chutes e rasteiras, além de cabeçadas, joelhadas, cotoveladas, acrobacias em solo ou aéreas.

Uma característica que distingue a capoeira da maioria das outras artes marciais é a sua musicalidade. Praticantes desta arte marcial brasileira aprendem não apenas a lutar e a jogar, mas também a tocar os instrumentos típicos e a cantar. Um capoeirista experiente que ignora a musicalidade é considerado incompleto.
A palavra capoeira é originária do tupi-guarani, que significa "o que foi mata", através da junção dos termos ka'a ("mata") e pûer ("que foi"). Refere-se às áreas de mata rasteira do interior do Brasil onde era praticada agricultura indígena. Acredita-se que a capoeira tenha obtido o nome a partir destas áreas que cercavam as grandes propriedades rurais de base escravocrata. Capoeiristas fugitivos da escravidão e desconhecedores do ambiente ao seu redor, frequentemente usavam a vegetação rasteira para se esconderem da perseguição dos capitães-do-mato.
Outras expressões culturais, como o maculelê e o samba de roda, são muito associadas à capoeira, embora tenham origem e significados diferentes.






A história da capoeira começa no século XVI, na época em que o Brasil era colônia de Portugal. A mão-de-obra escrava africana foi muito utilizada no Brasil, principalmente nos engenhos (fazendas produtoras de açúcar) do nordeste brasileiro. Muitos destes escravos vinham da região de Angola, também colônia portuguesa. Os angolanos, na África, faziam muitas danças ao som de músicas. 

Ao chegarem ao Brasil, os africanos perceberam a necessidade de desenvolver formas de proteção contra a violência e repressão dos colonizadores brasileiros. Eram constantemente alvos de práticas violentas e castigos dos senhores de engenho. Quando fugiam das fazendas, eram perseguidos pelos capitães-do-mato, que tinham uma maneira de captura muito violenta.


Os senhores de engenho proibiam os escravos de praticar qualquer tipo de luta. Logo, os escravos utilizaram o ritmo e os movimentos de suas danças africanas, adaptando a um tipo de luta. Surgia assim a capoeira, uma arte marcial disfarçada de dança. Foi um instrumento importante da resistência cultural e física dos escravos brasileiros.


A prática da capoeira ocorria em terreiros próximos às senzalas (galpões que serviam de dormitório para os escravos) e tinha como funções principais à manutenção da cultura, o alívio do estresse do trabalho e a manutenção da saúde física. Muitas vezes, as lutas ocorriam em campos com pequenos arbustos, chamados na época de capoeira ou capoeirão. Do nome deste lugar surgiu o nome desta luta.

Até o ano de 1930, a prática da capoeira ficou proibida no Brasil, pois era vista como uma prática violenta e subversiva. A polícia recebia orientações para prender os capoeiristas que praticavam esta luta. Em 1930, um importante capoeirista brasileiro, mestre Bimba, apresentou a luta para o então presidente Getúlio Vargas. O presidente gostou tanto desta arte que a transformou em esporte nacional brasileiro.



·         Estilos

·         Angola

Capoeira Angola refere-se a toda a capoeira que mantém as tradições da época anterior à da criação do estilo Regional. Em outras palavras é a capoeira mais tradicional. Existindo em diversas áreas do país desde tempos mais remotos, notadamente no Rio de Janeiro, em Salvador e em Recife, é impossível precisar onde e quando a capoeira Angola começou a tomar sua forma atual.
O nome "Angola" já começa a aparecer com os negros que vinham para o Brasil oriundos da África, embarcados no Porto de Luanda que, independente de sua origem, eram designados na chegada ao Brasil de negros de Angola. Em alguns locais a população se referia ao jogo de capoeira como brincar de Angola e, de acordo com Mestre Noronha, o Centro de Capoeira Angola Conceição da Praia, criado pela nata da capoeiragem baiana, já utilizava ilegalmente o nome capoeira Angola no início da década de 1920.
O nome Angola foi finalmente imortalizado por Mestre Pastinha, ao inaugurar em 23 de fevereiro de 1941 o Centro Esportivo de capoeira Angola (CECA). Pastinha foi
conhecido como grande defensor da capoeira tradicional, prestigiadíssimo por capoeiristas de renome como Mestre João Grande e Mestre Moraes. Com o tempo, diversos outros grupos de capoeira tradicional passaram a adotar o nome Angola para seus estilos.
A Angola é o estilo mais próximo de como os escravos lutavam ou jogavam a capoeira. Caracterizada por ser estratégica, com movimentos furtivos executados perto do solo ou em pé dependendo da situação a enfrentar, ela enfatiza as tradições da malícia, da malandragem e da imprevisibilidade da capoeira original. Alguns angoleiros afirmam que seu domínio é muito complicado, envolvendo não só a parte mecânica do jogo mas também características como sutileza, o subterfúgio, a dissimulação, a teatralização, a mandinga ou mesmo a brincadeira para superar o oponente.
A bateria típica em uma roda de capoeira Angola é composta por três berimbaus, dois pandeiros, um atabaque, um agogô e um ganzuá.

·         Regional

A capoeira regional começou a nascer na década de 1920, do encontro de mestre Bimba com seu futuro aluno, José Cisnando Lima. Ambos acreditavam que a capoeira estaria perdendo seu valor marcial e chegaram à conclusão de que uma reestruturação era necessária. Bimba criou, então, sequências de ensino e metodizou o ensino de capoeira. Aconselhado por Cisnando, Bimba chamou sua capoeira de Luta Regional Baiana, visto que a capoeira ainda era ilegal na época.
A base da capoeira regional é a capoeira tradicional mais enxuta, com menos subterfúgios e maior objetividade. O treinamento era mais focado no ataque e no contra-ataque, com muita importância para a precisão e a disciplina. Bimba também incorporou alguns golpes de outras artes marciais, notadamente o batuque, antiga luta de rua praticada por seu pai. O uso de acrobacias e saltos era mínimo: um dos fundamentos era sempre manter ao menos uma base de apoio. Como dizia Mestre Bimba, o chão é amigo do capoeirista.
A capoeira regional também introduziu na capoeira o conceito de graduações. Na academia de mestre Bimba, existiam três níveis hierárquicos: calouro, formado e formado especializado. As graduações eram determinadas por um lenço amarrado na cintura.
As tradições da roda e do jogo de capoeira foram mantidas, servindo para a aplicação das técnicas aprendidas em aula. A bateria, contudo, foi modificada, sendo composta por um único berimbau e dois pandeiros. Uma das maiores honras para um discípulo era a permissão para jogar iúna. O jogo de iúna tinha a função simbólica de promover a demarcação do grupo dos formados para o grupo dos calouros.
A única peculiaridade técnica do jogo de iúna em relação aos jogos realizados em outros momentos da roda de capoeira era a obrigatoriedade da aplicação de um golpe pré-estabelecido no desenrolar do jogo. O jogo também destacava-se pela maior habilidade dos capoeiristas que o executavam. O jogo de iúna era praticado apenas ao som do berimbau, sem palmas ou outros instrumentos, o que reforçava seu caráter solene. Ao final de cada jogo, todos os participantes aplaudiam os capoeiristas que saíam da roda.
A luta regional baiana tornou-se rapidamente popular, levando a capoeira ao grande público e finalmente mudando a imagem do capoeirista, tido no Brasil até então como um marginal. Das muitas apresentações que mestre Bimba fez com seu grupo, talvez a mais conhecida tenha sido a ocorrida em 1953 para o então presidente da república Getúlio Vargas, ocasião em que teria ouvido do presidente: A capoeira é o único esporte verdadeiramente nacional.

·         Capoeira contemporânea

A partir da década de 1970 um estilo misto começou a adquirir notoriedade, com alguns grupos unindo os fatores que consideravam mais importantes da Regional e da Angola. Notadamente mais acrobático, este estilo misto é visto por alguns como a evolução natural da capoeira, por outros como descaracterização ou até mesmo mal interpretação das tradições capoeirísticas.
Com o tempo toda capoeira que não seguia as linhas da Regional ou da Angola, mesmo as amalgamadas com outras artes-marciais, passou a se denominar Contemporânea.


·         Golpes e movimentos
Armada: pode ser aplicado pulando com as duas pernas ou com uma: uma perna giratória com o tronco ereto. Funciona como esquiva. Aplica-se estando em pé. um pé firma no chão e o outro faz um movimento livre; fazendo um movimento de rotação, varrendo na horizontal, atingindo o oponente com a parte lateral externa do pé

Aú: é conhecido como estrela, colocando-se as mãos no chão e jogando-se os pés para o ar. É utilizado na entrada da roda.

- Bênção: tem como objetivo acertar o adversário do abdômen para cima. A perna de trás da ginga é colocada para a frente com a intenção de empurrá-lo.

Cabeçada: realizado para desequilibrar o adversário, normalmente para acertar o abdômen ou o peito.
Chapa ou escorão: golpe executado com a “chapa” (região plantar) do pé.

- Cocorinha: esquiva, movimento que consiste em agachar o corpo, ficando de cócoras (com seus joelhos flexionados, mas sem tocar o dorso no chão), com o cotovelo flexionado e o antebraço levantado para bloquear golpes na cabeça.

Esquiva: a forma de se livrar de um golpe. Pode ser lateral, diagonal, atrás ou com a mão no chão. Após a esquiva, pode-se realizar um salto mortal.

Ginga: é a parte que mais se assemelha a uma “dança”. É comum esconder na ginga a malandragem do capoeira e enganar o adversário. A ginga serve também para descanso, sem tirar a possibilidade de ataque e contra-ataque.

Macaco: movimento que consiste em projetar-se partindo de cócoras. uma das mãos pode estar apoiada no chão. Realiza-se um movimento completo (giro) sobre o corpo, feito de forma transversal ao adversário, sendo crucial o olho no olho durante a realização desse movimento.

Martelo: movimento que se executa erguendo-se a perna ao mesmo tempo em que o corpo é inclinado lateralmente, batendo com a parte superior do pé.

Martelo cruzado: o capoeira dá um salto, girando para o lado em que o oponente será atingido. Também conhecido como martelo rodado ou parafuso.

Meia-lua de compasso: movimento no qual é usado o calcanhar para acertar o adversário, girando-se com uma das mãos no chão, colocando-as para a parte de dentro da ginga.

Meia-lua de frente: o mesmo movimento da meia-lua de compasso, só que este é dado com o corpo ereto, formando a imagem de uma meia-lua para baixo.

Ponteira: golpe frontal em que o capoeira usa a ponta do pé para atingir o adversário. É um golpe que sai de baixo para cima, semelhante ao martelo, diferindo por ser frontal e não lateral.

Quebra de rins: movimento em que o capoeira finaliza um aú, ou qualquer outro movimento similar, flexionando o membro superior de apoio (o que é usado para “sair” do aú) e levando o cotovelo em direção ao abdômen, na altura dos rins, fazendo assim com que seu corpo fique apoiado sobre o antebraço e o cotovelo flexionado, enquanto o outro antebraço permanece na altura da cabeça, até que um de seus pés toque no chão. Nesse momento, deve-se fazer o movimento chamado negativa para conseguir finalizar o movimento. Ao chegar nessa posição (negativa), pode-se levantar usando um outro movimento chamado rolê ou apenas “sair da negativa”, levantando-se e mantendo a posição de base da capoeira, dando sequência com outro golpe ou apenas gingando.

Queixada: movimento que permite dois tipos de execução (lateral e frontal). Na queixada lateral, a perna de trás da ginga cruza com a da frente que é, simultaneamente, levantada fazendo um meio círculo. Na queixada frontal, a perna de trás da ginga faz um movimento circular de dentro para fora para acertar o rosto do adversário com a parte externa do pé. A queixada frontal também é chamada de meia-lua de frente.
rasteira: consiste em apoiar as mãos no chão e girar a perna, em um ângulo de 360º, até que encaixe por trás do pé do adversário, arrastando-o com o objetivo de derrubá-lo.


·         Instrumentos da Capoeira



Berimbau
De origem africana, o berimbau, instrumento-símbolo da capoeira, é composto de um arco, dobrão (moeda de cobre) e uma baqueta. Os afro- descendentes brasileiros desenvolveram estilos próprios para tocar o instrumento, que diferem da maneira de  tocar das regiões africanas de ocupação banto.

 - Pandeiro
De origem asiática, foi trazido para o Brasil pelos colonizadores portugueses que os utilizavam nas procissões. Este instrumento hoje faz parte das composições de várias manifestações musicais. Nas rodas de capoeira tem presença certa ao lado de atabaques, berimbau e caxixi.

Atabaque
Presente nos rituais de candomblé, o atabaque, de origem afro-brasileira, é tocado com as mãos e dita, com outros instrumentos de percussão, o ritmo na capoeira angola.

Reco-reco
O reco-reco, de som peculiar, se incorpora a outros instrumentos de percussão e produz uma variação sonora combinada com o agogô na capoeira angola.

Agogô
O agogô é de origem africana, tem som metálico e faz contraponto com o berimbau e o atabaque. Ele também foi incorporado a outras manifestações musicais.

Caxixi
De origem ambígua (atribuem-se influências dos índios brasileiros e de africanos), este  cesto com sementes é utilizado, na capoeira, com o berimbau.